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domingo, 11 de setembro de 2011

parte 2 - Eunucos: quem foram estes homens?


Amputação dos Órgãos Genitais Masculino
O homem tem na sua genitália o orgulho e o símbolo de sua plenitude viril. Por ter o seu órgão sexual externo, ao contrário do órgão sexual feminino, o pênis sempre foi visto como forma de poder e hegemonia masculina. Justamente por exercer esta forma de poder e suposta superioridade do sexo, que a eliminação do órgão genital masculino foi sempre um ato de castigo e punição durante todos os períodos da história da humanidade. A castração do órgão masculino gerou ao longo dos séculos os eunucos, homens que tiveram os seus testículos, pênis ou ambos, removidos, amputados.
A emasculação é o ato de extirpar toda a genitália masculina (pênis e testículos). A orquiectomia consiste na remoção dos testículos. A penectomia ou falectomia é a remoção apenas do pênis.
 Apolo
Os Eunucos
Os eunucos são conhecidos desde a antiguidade até os nossos dias, em pleno século XXI. O primeiro registro da história sobre eles, vem do século XXI a.C, da cidade de Lagash, na Suméria. A prática da castração e de ter eunucos nas cortes era comum em toda a Ásia. Os eunucos existiram na China, na Índia, Ásia Menor e toda a Pérsia. Muitas vezes era uma forma de retaliação dos conquistadores sobre os povos conquistados. Também no mundo árabe antigo era comum tê-los a proteger os haréns dos sultões, sem que pudesse pôr em causa este harém, não tendo o eunuco como seduzir as suas mulheres.
Há relatos de eunucos também na Bíblia. O profeta Jeremias teria sido salvo pelo eunuco etíope Ebede-Meleque, quando atirado em uma cisterna (Jeremias 38:7-13). Outro eunuco etíope é relatado em Atos 8:27-39, aqui ele é convertido ao cristianismo e batizado por Filipe. O próprio Cristo faz uma citação em Mateus 19:12:
Pois há eunucos que nasceram tais da madre de sua mãe, e há eunucos que foram feitos eunucos pelos homens, e há eunucos que se fizeram eunucos por causa do reino dos céus.
Há a interpretação deste texto como símbolo da castidade a serviço do sacerdócio e da propagação da palavra de Deus pelas nações.
Vamos encontrar na história eunucos que se tornaram ilustres e conhecidos. Bagoas foi um eunuco nascido na Pérsia, portador de uma grande beleza que atraiu Alexandre, o Grande, tornando-se o seu cortesão e amante preferido.
Zheng He, famoso navegador chinês, que viveu entre os séculos XIV e XV, foi capturado ainda jovem e castrado para servir na corte chinesa. Navegando pelo Oceano Índico chegou à Índia, ao Mar Vermelho e à costa leste da África. Há quem diga que tenha chegado ao continente americano.
Eunuco-Chinês
Os Castrati
O castrato é um cantor masculino com extensão vocal que corresponde em pleno à voz feminina, seja de soprano, mezzo-soprano e contralto. Para atingir esta extensão era preciso que o jovem fosse submetido a uma operação de corte dos canais provenientes dos testículos. Os castrados surgem no século XVI, quando a igreja sente a necessidade de vozes agudas em seus coros, e como a participação de mulheres era vetada pelas leis da Igreja Católica, tornou-se comum o uso de jovens castrados nesses coros. Sisto V aprovou em bula papal de 1589 o recrutamento de castrati (plural de castrato) para o coro da Igreja de São Pedro, em Roma. Antes, o Duque de Ferrara, por volta da década de 1550, tinha castrati no coro de sua capela.
As castrações eram feitas em rapazes pobres, órfãos ou abandonados, sem a proteção familiar. Às vezes, a própria família impossibilitada de cuidar do filho, entregava-o à castração. No século XVI o castrato passou a ser visto com prestígio e símbolo de ascensão social.
Os castrati tornaram-se integrantes das óperas no seu auge, nos séculos XVII e XVIII. O papel principal dessas óperas era em grande parte, escrito para o castrato, que adquiria grande importância intelectual nos meios europeus. As óperas de Handel são feitas para os castrati. A interpretação barroca dessas óperas é toda feita por castrati.
O mais famoso castrato foi o napolitano Carlo Broschi (1705-1782), conhecido como Farinelli. Foi castrado aos sete anos de idade, cantou a partir dos anos 1720 em óperas de Nicolau Porpora, e da maioria dos compositores de sua época. No auge de sua forma vocal, cantou em Londres, aplaudido pela sua agilidade, pureza tímbrica e bela sonoridade, sendo capaz de sustentar uma nota por mais de um minuto sem respirar. Farinelli morreu rico e a gozar de grande prestígio.
Gaetano Cafarelli (1710-1783), castrato mezzo-soprano, assim como Farinelli, foi aluno de Porpora e compositor para o qual Handel escreveu a famosa ária "Ombra mai fù" de Xerxes (o "Largo"). Sua voz era encantadora, inferior apenas à de Farinelli, sua arrogância o tornou impopular.
Por mais de trezentos anos a igreja usa castrati em seus coros, e a música erudita em suas óperas. Essa prática foi definitivamente proibida em 1870 na Itália, único país que a fazia nesse tempo. Em 1902 o papa Leão XIII proibiu definitivamente o uso de castrati nos coros das igrejas. O último castrato foi Alessandro Moreschi (1858-1922), que fez parte do coro da Capela Sistina entre 1902 e 1904. Gravou dez discos, e é o único registro que se tem da voz de um castrato, hoje totalmente extinta.
Eunuco Indiano (centro)
Atualidade
Curiosamente os eunucos não se extinguiram com o passar dos séculos. Nos dias atuais há cerca de 50 mil eunucos que vivem na Índia, os hijras (expressão para dizer “nem homem, nem mulher”). Vestem-se como mulheres e usam nomes de mulheres. Pela tradição hindu são vistos como símbolo de sorte aos recém-nascidos e aos recém-casados. Muitos ganham a vida aparecendo nos casamentos, sendo pagos por isso. Se amaldiçoarem os noivos ou os recém-nascidos, trarão má sorte aos amaldiçoados.
Após muitos anos de perseguição e de discriminação, os hijras hoje se organizam em sindicatos e alguns deles conseguiram ser prefeitos de algumas cidades. Em 2004 um tribunal indiano decidiu que os eunucos são tecnicamente homens. No meio dos hijras juntaram-se nos dias atuais vários transexuais e hermafroditas rejeitados pelos pais. 
Texto do Blog de:Lee Meddi, Jeocaz

Abraços!!!

JP.

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